segunda-feira, 17 de agosto de 2009

a incomensurável piração psicodélica, degenerativa, transgênica e generalizada, do bizarro mundo mágico de orleans e braguilhas (1999)


Genealogia da piração psicodélica

     Comecei a tocar em grupo em 1991, com um amigo do colégio, Mao Tsé-Lin, que curtia o baixo elétrico. Eu tentava a bateria e achava que aquilo já fosse uma banda, mas ainda faltava um guitarrista. Ele chamou o seu primo e passamos alguns anos tentando tocar algumas músicas do Danilo, além de covers de Ira, Pixies, Breeders, Nirvana, Mudhoney, Sonic Youth, Jorge Ben etc. Mas o melhor eram os improvisos - até porque eu não dominava a bateria de modo algum e achava muito difícil repetir qualquer coisa. Éramos Painhandlers e gravamos vários VHS com essa formação. Todos os vídeos se perderam. 
     Começamos a frequentar o Garage Art Cult e a Spider, ouvindo Pavement, Second Come, Jesus, Pelvs, Velvet, Bowie, Stone Roses, Superchunk, Ride, Slowdive, Floyd, Stereolab, Mutantes etc. Por esses anos, Mao Tsé-Lin conheceu e me apresentou o Vinícius, que mostrou-se um baterista de verdade. Daí decidi cantar e tocar minhas composições na guitarra e assim surgia o Strobe's Crooner, trio que ensaiou somente umas doze vezes em seus quatro ou cinco anos de existência. Mesmo com toda minha limitação técnica e financeira, eu levava aquilo muito a sério e vivia fissurado pelo processo de gravação em portastúdio, a que não tinha ainda acesso, pois costumava fazer overdubbs no duplo deck para registrar as ideias que não paravam de brotar no meu ouvido interno.
     Quando a banda se dissolveu, em 1999, tive finalmente a chance de manipular um portastúdio usado. Durante quinze dias de férias gravei uma fitinha, fazendo barulho com tudo o que encontrava pela frente, e mostrei o resultado para alguns amigos. Ouvindo muito Gong e curtindo os nomes freaks de seus integrantes, surgiu Digital Ameríndio, como uma espécie de primo pobre do Júpiter Maçã. Em 2005 pude enfim passar o conteúdo da fitinha para CDr, fiz uma capinha nova - os arquivos da antiga se perderam no limbo digital -  e assim lancei "a incomensurável piração psicodélica, degenerativa, transgênica e generalizada do bizarro mundo mágico de orleans e braguilhas" (o nome havia surgido já em 1999, ao fim das gravações), misturando quatro canções do Strobe's Crooner (Goiabada Holotrópica, A dificuldade de se..., Estroboscópica e Sister-in-Law) com novas pirações, que batiam no liquidificador Spacemen 3, Barrett, Telletubies, Walter Franco e Smetak. O e-mail da contracapa do disco também não existe mais:

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