Hoje, feriado do Dia do Trabalho, estamos lançando, às 16:20, pelo selo Cloud Chapel, o intensos animais imperceptíveis, álbum de estreia de Digital Ameríndio & (American Bigfoot) Mouse Mouse Joe, quinteto carioca, formado em 2012, por mim, na voz e guitarra, Löis Lancaster, no baixo e voz, Pedro Bonifrate, na guitarra e voz, Robson Riva, na bateria, e Gabriel Ares, no teclado.
O álbum traz dez canções, compostas por mim, sobre potências perturbadoras na música e na vida. Acho que são perturbações potentes, pois nelas o humano também cria o mundo que o cria, em um processo de circularidade espiral. E essa circularidade é dita espiral, pois o centro desse círculo está sempre saindo de si e arrastando a forma humana numa involução animal, rumo ao imperceptível, ou numa pura translação intensa de devires – devir intenso, devir animal, devir imperceptível... A proposta estética é tornar audível a diluição de si nesse tempo musical, através de acoplamentos moleculares que ocorrem entre as flutuações sonoras variáveis dos fluxos cósmicos e as ondulações fractais centrífugas que arrastam o humano para fora de seus territórios habituais.
O que move afetivamente as canções são buscas pelo esquecimento. Mas a escuta atenta talvez faça ouvir também outro fio condutor: as aventuras e desventuras de um ser humano fora de si, ao notar-se como uma espécie de marionete, estrelando uma sinistra tragicomédia existencialista, tensamente apimentada pela procura incessante de alguma panaceia que liberte o pensamento de formas memoriais e identitárias. Devir é mudança, não identidade.
É assim que Digital Ameríndio & (American Bigfoot) Mouse Mouse Joe tentam arrastar seus ouvintes pra fora da razão, criando sonoridades que entram em contato local e temporário com estranhas lembranças involuntárias emergentes na experimentação da escuta. Tentamos fazer música pra esculhambar consensos e, em meio às tentativas de esquecimento, produzir cortes, cesuras, fissuras em toda identidade. Música pra embalar vários tipos de loucura, perturbando sentidos habituais, pelo contato com este fora da razão onde blocos sonoros de devir se agitam em sua dignidade de coisas vivas.
intensos animais imperceptíveis é parte da verdadeira história de Digital Ameríndio & (American Bigfoot) Mouse Mouse Joe. E esses devires não se tornariam audíveis com tamanha consistência sem a potência das instâncias coletivas que, no álbum, se singularizam na produção musical de Bryan Holmes, no lançamento e distribuição pela Cloud Chapel Records e na parceria com os Chinese Cookie Poets em uma das faixas, tanto quanto na participação, em outras tantas faixas, da guitarra e voz de Bryan Holmes, assim como das vozes irresistíveis de Doriana Mendes, Barbara Kahane e Lucia Santalices.
Nenhum comentário:
Postar um comentário